sábado, 4 de setembro de 2010

Ser ou não ser professor, eis a questão

No começo de sua carreira, o ator e grande dramaturgo inglês, Shakespeare, enfrentou dificuldades ao apresentar suas peças à plateia da era elisabetana. O público (composto por todas as classes sociais) que frequentava os teatros naquela época era muito ativo e participava intensamente da encenação: falava durante apresentação, vaiava, aplaudia ou interrompia as cenas e jogava coisas nos atores se não gostava do espetáculo.
Dessa maneira, Shakespeare criou cenas de ação permeadas de violência, de brigas e mortes logo no início de suas peças como forma de chamar a sua atenção. A estratégia funcionou tanto que o público corria para assistir suas apresentações e ficava tão curioso para saber o que iria acontecer depois na trama que não tirava os olhos do palco.*
Quando estamos na sala de aula, nós, professores, também esperamos um pouco de atenção da nossa plateia para declamarmos o nosso texto e realizarmos nossa belíssima performance. Por causa da sua falta de interesse, (quase sempre isso acontece) ficamos frustrados e desanimados, querendo sair o mais rápido possível do palco.
A nossa maior dificuldade é despertar o interesse nesta plateia. Por que nosso objetivo não é apenas diverti-la e entretê-la, temos a intenção de instruí-la, de fazê-la refletir sobre questões importantes e ela, infelizmente, raramente se interessa pela nossa atuação. Afinal, a maioria dos nossos espectadores não nos ouve; eles ficam o tempo todo dispersos, riem alto, conversam e levantam do lugar, gritam, xingam e batem uns nos outros.
Assim como Shakespeare, será que nós não teremos que criar outras estratégias para chamar atenção do nosso público? Será que não teremos que rever nossa performance para despertar o interesse nele? Ou vamos continuar lutando para não sermos vaiados e expulsos do palco?

Um abraço

*Referência de textos: “William Shakespeare no Teatro Elisabetano”, “O contexto teatral da dramaturgia shakespereana”.



4 comentários:

  1. O segredo é saber usar máscaras para cada ocasião...... eu já tentei de tudo,o melhor jeito é jogar a toalha...... bjs Adacy

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  2. Talvez seja a melhor saída.Mas e aqueles que ainda continuam e continuarão na educação? Será este um problema sem solução? Um abraço

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  3. Sim, mudar as estratégias me parece hoje a melhor saída... mas para isso é preciso parar, tentar compreender quem é esse público hoje, em especial a SUA turma, ou suas... Mas compreender não basta, já que depois disso é preciso tempo para preparar algo que os envolva de fato. O pior é que, mesmo assim, vc conseguiu tempo de preparar algo para uma aula, mas e o resto do ano??? E essa aula ainda pode dar certo para uns, porém se sua relação já está desgastada com outros, não adianta, pois o aluno não estará receptivo para ouvir o que vc tem a dizer... Enfim, de qualquer maneira, parece-me que "estamos em apuros"... Vou me concentrar agora nos 12 passos! rsrs
    Bjs!

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  4. Joana,
    infelizmente não existe solução mágica.Os bons resultados são alcançados através de muito suor,dedicação e esforço.E ainda o que fizermos será apenas uma gota no oceano.
    Um abraço

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