domingo, 29 de agosto de 2010

Kit de Sobrevivência


Nesta época do ano, as mudanças climáticas têm favorecido o aparecimento de doenças respiratórias como resfriados, gripes, pneumonias, bronquites, rinites e sinusites. Entre os sintomas estão dor de garganta, rouquidão, tosse, coriza.
São frequentes as queixas de muitos professores que têm sofrido com essas doenças e têm visto sua capacidade e rendimento diminuírem muito.
As condições adversas de trabalho, o desgaste físico e o cansaço mental contribuem para a baixa imunidade e resistência do professor e facilitam o seu adoecimento e afastamento da sala de aula.
Mas o que deve ele fazer para contornar estes contratempos?
Para reduzir os fatores de riscos presentes no ambiente de trabalho, será preciso desenvolver a cultura da "adaptação”, o professor deverá estar munido de um kit de sobrevivência.
Será necessário um kit sobrevivência para sobreviver a estes dias terríveis: um par de óculos de sol, um gravador, fones de ouvido e mp3/rádio, bolsa térmica e analgésicos, cartolinas e canetinhas.

  • Para evitar o contato com a luz solar e ignorar a bagunça que os alunos fazem durante a aula, um par de óculos de sol.
  • Devido as dimensões e acústicas inadequadas em sala de aula, será necessário um gravador com as aulas do dia previamente gravadas a fim de evitar o uso excessivo da voz do professor e irritar ainda mais as suas cordas vocais.
  • Fones de ouvido e um mp3 ou rádio para evitar o estresse e não ter que aguentar diariamente o nível elevado de ruído na sala de aula.
  • Uma bolsa térmica e analgésico para aliviar as dores de cabeça.
  • Cartolinas e canetinhas a fim de evitar a escrita excessiva no quadro negro e exposição ao pó de giz.

É claro, que esse kit serve apenas para minimizar os incômodos sofridos. Bom mesmo seria se restabelecer em casa sem ninguém te enchendo o saco. Mas infelizmente nem todo mundo consegue licença médica toda hora e ninguém quer levar uma justi* sem aviso.

Um abraço


*falta justificada - a ausência é apenas justificada para que se evite aplicação de penalidade ao funcionário, mas ela não inibe o direito da direção (caso da escola municipal) de proceder com o desconto visto que não se tem comprovação da doença mediante atestado médico. 


domingo, 22 de agosto de 2010

Pérolas dos alunos

Às vezes, é realmente difícil estar numa sala de aula. Muita cobrança e pressão de um lado e desinteresse e indiferença do outro. Mas nem só de problemas e tristezas vive um professor. 


Existe um espaço também para a diversão. 
Às vezes, nos deparamos com algumas situações e respostas tão absurdas, que chegam a ser engraçadas e, assim, não resistimos e caimos na risada. Neste sentido, os alunos realmente se esforçam. 


A seguir algumas respostas dos meus alunos que são verdadeiras pérolas:




Duas semanas atrás, estava explicando um exercício sobre adjetivos para uma turma do Noturno, quando um aluno me interrompeu:

- Professora, está escrito Ladi Di? - falou carregando no sotaque cearense.

- Sim, mas a pronúncia é Leidi Dai. Está escrito em inglês.

- Ah, tá.

- Você não conhece a Lady Di?

- Eu não. Só conheço a Lady Gaga.


...


Outro dia, estava corrigindo os exercícios oralmente na lousa e perguntava a resposta para a classe.

- Qual é o feminino de boi?

- Vaca. - todos responderam.

- De homem?

- Mulher.

Um aluno levantou a mão e perguntou:

- Professora, qual o feminino de queijo?

- A palavra queijo não tem feminino.

- Ah! Pensei que fosse queijoa.


...


Numa noite, ao explicar os diferentes tipos de sujeito, dei o seguinte exemplo:

- Roubei uma torta de maçã da geladeira. Quem foi que roubou?

Um aluno dá uma piscada para mim e diz:

- Ê, professora! Coisa feia! Ficar roubando comida da geladeira!



...



Semana passada, estava explicando sobre os tipos de narradores que podemos encontrar nas narrativas, perguntei para a turma:

- Como se chama o narrador que não participa da história e conta sobre a vida das personagens?

- Zé Povinho, professora! - um aluno respondeu.



...


Estava trabalhando contos com a 5 série semana passada. Um grupo de meninos estava estava criando um conto, fui conferir como eles estavam desenvolvendo a história. Ao olhar o texto, percebi alguns erros de ortografia e falei:

- Vocês escreveram trouxe com cê.

- É que o xis dele é aleijado, professora. Tá faltando uma perninha. - um aluno respondeu.





E eu pensei na famosa frase do Professor Raimundo: E o salário...






sexta-feira, 13 de agosto de 2010

E o circo está armado!


Nós, como professores, enfrentamos diariamente a triste realidade da Escola Pública: as precárias condições de trabalho, jornadas diárias muito longas e exaustivas, a falta de recursos, a desvalorização como profissional, funcionários e professores descontentes e mal remunerados, alunos indisciplinados e agressivos, entre outros. Essa negligência demonstra claramente o descaso e a falta de conscientização dos governantes.

Os fatos são considerados alarmantes, se levarmos em conta, a repetição contínua dessa prática e a não intervenção de maneira eficaz.

Quem hoje, em sã consciência, quer se aventurar e encarar essa realidade?

Espera-se que possamos dar conta das graves questões que envolvem a escola hoje. Mas eu me pergunto de que maneira?

O descaso e desrespeito que enfrentamos são tão grandes que nos sentimos desmotivados a continuar a trabalhar. É tão cômodo jogar as responsabilidades nos ombros dos professores e chamar-nos de incompetentes por não conseguirmos fazer nosso trabalho direito. Somos jogados na jaula dos leões e nos vemos obrigados a “domá-los” na marra.

A política do circo realmente funciona para o marketing pessoal de candidatos e para campanhas políticas, mostram-se os dados positivos e os resultados obtidos ao longo da gestão, mas poucos veem o que há por trás disso. Cobrar o ingresso pelo espetáculo e gozar do “sucesso” é sempre mais fácil e interessante do que resolver a raiz dos problemas.

E nós somos feitos de palhaços enquanto riem e debocham da nossa cara. Caminhamos às tontas sem rumo e perspectiva, de mãos atadas. Andamos na corda bamba e não temos uma rede de segurança que nos proteja.

Contamos apenas com nós mesmos. O resto são palavras jogadas ao vento. Discursos bonitos que foram feitos para impressionar os eleitores no palanque. Promessas que não serão cumpridas, porque não se quer arrumar e pôr ordem na casa. Para muitos, a única coisa que sabemos fazer é reclamar. E de barriga cheia!