domingo, 15 de maio de 2011

Dicionário da Nova Ortografia



Após a análise dos resultados da Prova da Cidade (Prova que avalia as habilidades dos alunos em língua portuguesa e matemática nas Escolas Municipais), eu e algumas professoras de língua portuguesa constatamos uma série de palavras, expressões e orações escritas numa “nova ortografia” nas redações dos alunos da 5º e 6º série (6º e 7º ano respectivamente).

Para auxiliar alguns colegas professores que tiveram dúvidas em relação ao sentido das palavras, resolvemos organizar um pequeno dicionário com o significado correspondente destas palavras.

É possível identificar grafias (escritas) diferentes para a mesma palavra, como, por exemplo, o verbo “deixou” nas formas denjou e dejou e de chava e densavam para o verbo “deixava”. Observamos que todas elas podem ser utilizadas apesar de serem inseridas em diferentes contextos.

Esse é um dicionário despretensioso e tem o objetivo de esclarecer as dúvidas que surgirem no caminho.



Abreviaturas

adj. – adjetivo

adv. – advérbio

prep. – preposição
pron. – pronome

sf. – substantivo feminino
sm.  – substantivo masculino

v. – verbo



A

a seito  v. aceito

achamou-u  v. a chamou

achetir  v. assisti (um filme)

ajou inguivio  v. achou incrível

amacado  v. amassado

aparesseu  v. apareceu

apricesa  sf. princesa

arcordou-la  v. a acordou


B

brincesa  sf. princesa


C


caro agem – sf. carruagem
cau de ervilha – sm. grão de ervilha
cecazarão – v. se casaram
cencontra – v. se encontrar
coichões  sm. colchões
comeque – como é que
copode aga - sm. copo de água
cosegil – v. conseguiu


D


damana de manhã

de chava/ densavam  v. deixava

dejou jeia de bolinhas  v. deixou cheia de bolinhas

denjou  v. deixou

disuname  sm. tsunami

dovucais fumigatis dos vulcões fumegantes



E

escramou  v. exclamou

evila/ e vila  sf. ervilha


F

fês  v. fez

flors  sf. flores

freliz  adj. feliz



G

ganto  adv. quando


I

icreja  sf. igreja

interecente  - adj. interessante

iposa  sf. esposa


M

maglela  adj. magrela

michamol  v. me chamou

mindingos  sm. mendigos

moeu  v. morreu

mordongo  sm. mordomo


N

nagela  prep.+pron. naquela


O

orrivele  adj. horrível

olo por olho delha olho no olho dela


P

paracenpre/ parasepe  prep.+adv. para sempre

perceguil  v. perseguiu

peveita/ prefeita  adj. perfeita

precura  v. procurar

preucurei  v. procurei



Q

quipalavar que palavra


R


ranha – sf. rainha
repugunancia – sf. repugnância




S

sarrepedeu  v. se arrependeu

searume v. se arrume

secasou  v. se casou

semechedo  v. se mexendo

T

temque ir  tem que ir

testói  v. destrói

V

vazer  v. fazer

vergulhada  adj. envergonhada

Vesitna Ense e Z”/ Vicentia Reviso de Ovo - Vicentina Ribeiro da Luz (nome da escola)


U


Ulcoi Poldi Caldum – Vicentina Ribeiro da Luz




X

Xapão  sm. Japão


Para finalizar a história:
“e a brinseza searumou e casazouco o rei” –  e a princesa se arrumou e casou-se com o rei


Um abraço

domingo, 27 de março de 2011

Nenhum a Menos*


  

No momento do planejamento, muitas exigências são feitas ao professor para que faça um detalhamento de suas atividades ao longo do ano. No papel fica definido tudo o que vai ser trabalhado com cada classe em função de conhecimentos e habilidades dos alunos. E na sala de aula, será que isso realmente funciona?


Todo aluno, em algum momento, apresenta dúvidas e isso faz parte do processo de aprendizagem. No entanto, alguns (ou muitos) não conseguem acompanhar o que é passado em sala de aula por apresentarem problemas psíquicos, familiares ou de aprendizagem. Um problema bastante comum na escola e que todo professor enfrenta durante o ano escolar. Então, como resolvê-lo? Como retomar os conceitos em classe sem deixar de lado aqueles com maiores dificuldades?


Estes alunos são os que mais precisam de nossa atenção, no entanto, como atendê-los individualmente numa sala com 35 a 40 alunos?  Ainda mais sem o apoio de SAP (Sala de Apoio Pedagógico)* e de SAAI (Sala de Apoio e Acompanhamento à Inclusão)**?


É preciso trabalhar uma série de modalidades escritas e orais (em Língua Portuguesa, antes denominados conteúdos), atender às Orientações Curriculares e atingir as metas da Unidade Escolar. Como fazer tudo isso com alunos que mal conseguem ler e escrever um texto?

Muitos especialistas na área da Educação falam em repensar as estratégias e atividades para eles. Será que usar novas atividades e estratégias diversificadas é o suficiente para sanar as suas dificuldades? Dizem ser necessário proporcionar outras formas de ensino para que todos aprendam o conteúdo. Mas será que todos conseguem aprender o conteúdo?


Um abraço


* Referência ao filme chinês "Nenhum a Menos" do diretor Zhang Yimou.

** Refere-se a ações de apoio pedagógico, integradas às ações educativas e inseridas na construção curricular da unidade educacional, serão realizadas em sala organizada em espaço próprio ou adaptado, denominada Sala de Apoio Pedagógico (SAP) - http://www.sinpeem.com.br/lermais_materias.php?cd_materias=1616


***Oferecido pela Secretaria Municipal de Educação, a Sala de Apoio e Acompanhamento à Inclusão (SAAI) atende a alunos com necessidades educacionais que podem ou não se relacionar com deficiências, limitações ou disfunções no processo desenvolvimento, assim como com situação de superdotação ou altas habilidades. http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/pessoa_com_deficiencia/programas_e_servicos/educacao/index.php?p=12434



domingo, 27 de fevereiro de 2011

O peso do mundo nos ombros

Segundo a mitologia grega, Atlas era um Titã, maior que qualquer mortal, que por ter lutado contra os deuses foi obrigado por Zeus a sustentar nos ombros os Céus. Derrotado, Atlas se viu obrigado a sustentar tal peso eternamente.
O tempo todo, nós, professores, nos sentimos culpados por não conseguir realizar nosso trabalho. E assim como Atlas, ficamos sustentando o peso do mundo nos ombros.
Mas será que nós devemos carregar este peso nos ombros?
Diariamente, como verdadeiros algozes, nós apontamos o dedo para as nossas “falhas” e “fracassos” e nos sentimos culpados por não conseguir fazer os alunos aprenderem. Por não conseguirmos colher resultados positivos de nosso esforço. Por não conseguirmos atingir as metas estabelecidas pela SME. Por não terminarmos a tempo o planejamento do mês. Por não terminarmos o conteúdo a tempo. Por não estudarmos mais. Por não sairmos e nos divertirmos mais. Por não termos tempo para a família e os amigos. Por não trabalharmos menos. Por não ganharmos mais. Por nos sentirmos desmotivados e desanimados, etc.  
Até quando iremos suportar essa carga? Quando vamos aliviar o peso enorme que carregamos?
Um abraço

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Roteiro de viagem - 2011

Quando vamos fazer uma viagem, nós planejamos com antecedência como ela será: qual o roteiro de viagem, quantos dias iremos viajar, quanto gastar, onde ficar e que lugares visitar. É claro que sempre ocorrem alguns imprevistos; mas, na maioria das vezes, conseguimos ter uma viagem agradável.
Ao voltarmos para escola, nós costumamos planejar como será o ano letivo, as atividades e projetos a serem desenvolvidos ao longo do ano, selecionamos os conteúdos a serem trabalhados, os planos de aulas, etc. E assim como nas viagens, esperamos fazer uma viagem tranquila e contornar os imprevistos que surgirem no caminho.
As nossas expectativas aumentam à medida que se aproxima o início das aulas. E começar tudo de novo: conhecer novos alunos e reencontrar os antigos, preparar os trabalhos com as novas turmas e enfrentar os desafios que aparecerem durante o ano.
Não importa muito se esta é a primeira, décima ou milésima viagem, ficamos inseguros e cheios de expectativas, principalmente, no início do ano letivo.
Então, surgem algumas questões que nos tiram o sono:

O que esperar desta viagem? Eu já tenho estabelecido o meu destino? Ou estarei esperando os ventos guiarem minha embarcação?
O que eu quero de diferente neste ano?  Uma viagem tranquila e sossegada? Ou uma cheia de aventuras e emoções?
E a convivência com a tripulação? Será que conseguirei manter uma relação harmônica com os tripulantes durante a viagem?
O que gostaria de levar na minha mala de viagem?  O que gostaria de deixar em casa?
Depois de algumas viagens, será que aprendi com meus erros e acertos?




terça-feira, 2 de novembro de 2010

Educação para todos?



Após assistir algumas palestras no Congresso de Educação do Sinpeem e discutir com alguns professores a respeito dos temas abordados, pensei sobre o que representa Educação hoje.

Especialistas falam da importância do profissionalismo e dedicação dos professores, de um ambiente escolar propício a aprendizagem, do nível educacional das famílias, é claro que todos esses fatores contribuem para melhorar a qualidade e eficiência do Ensino, mas será que esses fatores são realmente levados em consideração em nossas escolas?
Segundo eles, cabe ao professor a responsabilidade de construção de um espaço em que seja possível o pleno desenvolvimento da aprendizagem, a formação do indivíduo, a criação de relações interpessoais positivas e um ensino de qualidade. Garantem que as mudanças precisam ser feitas com base na vontade e esforço dos professores. Será que o que realmente falta é vontade e esforço dos professores? Será que sozinhos, nós conseguimos dar conta de todos os problemas da educação?
Um dos estudiosos utilizou a Finlândia, como um exemplo de país a ser seguido (é o primeiro colocado em matemática, em compreensão da escrita e em cultura científica no Pisa* 2003 e segundo colocado em 2006). No entanto, não podemos esquecer que este país investe numa educação de qualidade e oferece aos professores condições favoráveis de trabalho como formação de pelo menos 5 anos (sem contar que a maioria tem mestrado), boa remuneração salarial, jornada inferior a 40 horas semanais, apoio de pais e da comunidade. Além disso, os professores possuem a valorização social e prestígio entre os seus compatriotas. Não é compreensível que estes profissionais estejam mais motivados a ensinar? Será que os professores no Brasil possuem as mesmas condições de trabalho?
Alguns especialistas na área de Educação enfatizam a importância da Escola pública e gratuita, porque ela se compromete com a aprendizagem de todos os alunos de forma efetiva e democrática. Rompe com a ideologia e prática de competição e exclusão, atendendo a todos sem discriminação.  É o que realmente acontece em nossas escolas?
Garantir a matrícula dos alunos não é garantia de uma Educação de Qualidade. Será que a Educação que oferecemos é mesmo para todos? Quais serão as condições para trabalhar com todos estes alunos? Como melhorar a qualidade e eficiência do aprendizado num governo que faz uso da demagogia, principalmente em campanha política?
Acreditamos que temos poder de decisão e de mudança, mas, infelizmente, somos apenas peças nas engrenagens desta grande máquina, executamos invariavelmente regras e procedimentos padrões.
Educar não deixa de ser um ato político. Dizer ou propor algo que não pode ser posto em prática, apenas com o intuito de obter um benefício ou alguns votos já é outra história.
                                                       

Um abraço
                                                  
*Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) é um exame amostral, realizado a cada três anos pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O objetivo principal do programa é fornecer aos países participantes indicadores que possam ser comparados internacionalmente, de modo a subsidiar políticas de melhoria da educação.